O vírus e os botos-cinzas (Sotalia guianensis)
Brasão do Rio como símbolo da cidade. Hoje, sofre com o surto de morbilivírus dos cetáceos.
O boto-cinza (Sotalia guianensis), uma das espécies de golfinho brasileiro, que tem sofrido uma queda em sua população, devido a um vírus da mesma família (Paramyxoviridae) do sarampo humano e cinomose em cães.
Vale lembrar, que os vírus dessa família não há evidências documentadas em peixes ou mariscos e não costumam ser transmitidos dos animais para os humanos, ou seja, cada um tem seu grupo próprio de hospedeiros, como afirma o BOLETIM TÉCNICO SOBRE A MORTALIDADE DE BOTOS-CINZA.
O surto causado por morbilivírus dos cetáceos, é a primeira vez que é descoberto na América do Sul. Do fim de novembro de 2017, toda semana, animais têm sido localizados na Ilha Grande e de Sepetiba, no Rio de Janeiro, mortos flutuando ou encalhados nas praias, até agora mais de 170 botos-cinza foram encontrados. Ainda não se tem conhecimento de quanto tempo o surto pode durar. Geralmente, os surtos duram enquanto houver animais com baixa imunidade. As causas são desconhecidas, para os fatores que colaboraram o início do surto e estão sendo investigados.
O Morbilivírus (família Paramyxoviridae), é apresentado como o patógeno (é um organismo capaz de produzir doenças infecciosas), viral mais importante em cetáceos por causar altos percentuais de mortalidade no período do surto. Exames sorológicos apontam uma extensa distribuição do vírus em cetáceos em diferentes partes do mundo. Existem três variantes da morbilivorose cetácea que comprometem várias espécies de cetáceos. Em 2010, o primeiro caso confirmado na América do Sul, foi de uma nova variante identificada em um boto-cinza no Espírito Santo que estava encalhado.

Acredita-se que múltiplos fatores ambientais e antropogênicos (aqueles causados pela ação do homem), exemplos, interação com atividades pesqueiras, altos descartes de contaminantes, alterações na temperatura da superfície do mar e limitação na disponibilidade de alimento, possam atuar em conjunto com o aumento da suscetibilidade dos animais ao desenvolvimento de doenças e favorecendo a recorrência de epidemias.
Quando infecta a população sem imunidade, o morbilivírus pode levar a epizootias (doença contagiosa que atinge grande número de animais) altamente letais, provocando encalhes em massa.
Kátia Groch médica veterinária da USP, explica: “O vírus tem essa característica de ser muito contagioso, ele é transmitido por via respiratória e passa facilmente de um animal para outro. Sendo uma característica desse vírus”.
SINAIS CLÍNICOS
Incluem perda de massa corporal, dificuldade respiratória, úlceras na mucosa oral e alterações comportamentais. As principais alterações histopatológicas incluem pneumonia bronco intersticial, meningo encefalite não supurativa, hepatite periportal e proeminente depleção de células linfoides. Em decorrência da imunodepressão ocasionada pelo vírus, muitas vezes observa-se infecções secundárias e grandes cargas de ecto e endoparasitos.
REFERÊNCIAS:
DOMICIANO, Isabela Guarnier. Enfermidades e impactos antrópicos em cetáceos no Brasil. Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 99, p. 100-110, (2012).
SILVA, Jean Carlos Ramos. Tratado de animais selvagens-medicina veterinária. Editora Roca, 2007.
BOLETIM TÉCNICO SOBRE A MORTALIDADE DE BOTOS-CINZA (http://www.mpf.mp.br/rj/sala-de-imprensa/docs/pr-rj/recomendacao-boto-cinza/boletim-tecnico-boto-cinza), Rio de Janeiro, (2018)
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