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FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS MARINHAS

A fibropapilomatose, doença neoplásica caracterizada pela presença de múltiplos tumores benignos cutâneos externos de tamanho variado em vários pontos do corpo, principalmente na base das nadadeiras, cauda, pescoço e cabeça, inclusive nos olhos. Os tumores podem também atingir os órgãos internos como, fígado, pulmões e rins, as lesões predominantemente associadas a essa doença são fibromas, papilomas cutâneos e fibropapilomas.


O primeiro registro em costas brasileiras de Fibropapilomatose foi em 1986 no estado do Espirito Santo (ES) (BAPTISTOTTE et al., 2000).  E desde então apresentaram um aumento considerável, variando de 3,2% em 1997 a 12,4% em 2000. Já foram registrados casos nos Estados de Ceará, Rio Grande de Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo (BAPTISTOTTE, 2001 a, b e 2007; MASCARENHAS & IVERSON, 2007). Particularmente no sul do Brasil não são muitos os registros da doença; já houve relatos no Estado de Santa Catarina (SC) (CELINI et al., 2002; BAPTISTOTTE, 2007; REISSER et al., 2005), e em outros Estado do Paraná, Guebert e colaboradores (2005a) relataram dois casos da doença.

Tartaruga verde juvenil com tumores (crédito: Chris Stankis, Flickr / Bluewavechris)

Tartaruga verde juvenil com tumores (crédito: Chris Stankis, Flickr / Bluewavechris).


Pesquisas indicam o surgimento de tumores, os fibropapilomatose, em diversas espécies de tartarugas, principalmente nas tartarugas-verdes (Chelonia mydas), podem ser resultado da presença de resquícios químicos, pesticidas organoclorados e bifenilos policlorados (PCBs) lançados nos rios (CENA-USP). Pesquisas sugerem o envolvimento de agentes infecciosos virais em associação com fatores ambientais e genéticos. Esses tumores têm o formato de verrugas na pele e costumam ser benignos, mas algumas tartarugas passam a ter dificuldades de alimentação e locomoção e, por causa deles, desenvolvem outros problemas de saúde. Segundo Projeto TAMAR, muitas chegam debilitadas às praias, e isso impede a realização de um procedimento cirúrgico para a retirada. A preocupação dos especialistas é que essas verrugas sejam uma porta de entrada para vírus e bactérias, mas ainda não há indícios de que a doença seja transmissível. Essa informação é importante porque a tartaruga-verde está na IUCN, que aponta o estado de conservação de várias espécies e indica o risco de extinção delas.



Em casos mais avançados da Fibropapilomatose, as tartarugas acometidas ficam fracas, anêmicas, e até cegas, podendo chegar a óbito (MATUSHIMA et al, 2001).  Hoje já se sabe que o principal agente da doença é um tipo vírus Chelonid herpesvirus 5 (ChHV-5) que o Brasil foi o primeiro a identificar, trabalho de autoria de Carla Rosane Rodenbusch. Embora existam seis variações do vírus, outros fatores estão também associados que incluem parasitos, suscetibilidade genética, carcinógenos químicos, contaminantes ambientais, biotoxinas, imunossupressão e luz ultravioleta que podem sim, ter um papel adicional na etiologia da fibropapilomatose (AGUIRRE, 1998). Desde 2000, a Fibropapilomatose (FP) tem sido inserida em um campo específico para registros da presença de tumores, associados ou não à Fibropapilomatose para o monitoramento e, as ocorrências da doença são sistematicamente registradas no banco de dados nacional do projeto TAMAR-JCMBio, por ser a enfermidade mais importante das tartarugas marinhas.


De modo geral o diagnostico tem sido de aspectos macroscópicos e achados em exames físicos, para o confirmativo, faz biopsia de mais de uma lesão e histopatológica (RHODES, 2002).


Ainda é incerto o tratamento para a enfermidade.

REFERÊNCIAS:

AGUIERRE, A. A., et al. Spirorchidiasis and fibropapillomatosis in green turtle from the Hawaiian Islands. Journal of Wildlife Diseases, v 34, n. 1, p. 91-98, 1998.


AMORIM, Derek Blaese de. Fibropapilomatose em tartarugas marinhas. 2010.


BAPTISTOTTE, Cecília et al. Prevalência de fibropapilomas em tartarugas marinhas em áreas de alimentação no Brasil. ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE ANIMAIS SELVAGENS, v. 5, p. 29, 2000.


BAPTISTOTTE, C., et al. Prevalência de Fibropapilomas em Tartarugas Marinhas Em Áreas de Alimentação no Brasil. In: Anais do V Congresso e X Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS). São Paulo, ABRAVAS, p. 29, 2001a.


CELINI, A.; SOUTO, J. M. R.; SERAFINI, T. Z. Fibropapillomatosis on green turtle, Chelonia mydas, on the sourthern Brazilian coast. In J.A. Seminoff (comp.), Proceedings of the Twenty- second Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, NMFS-SEFSC-503, p. 300, 2002.


FONSECA, L. A. Biomarcadores de estresse e carcinogênese: um estudo em Chelonia mydas. 2014.


MATUSHIMA, E.R et al Cutaneous papillomas of green turtles: amorphological, ultra-structural and immunohistochemical study in Brazilian specimens.


RHODES, K.H, Dermatologia de Pequenos Animais Consulta em 5 minutos Rio de Janeiro: ed Revinter, p, 357-360, 2002.


RODENBUSCH, Carla Rosane. Detecção e caracterização do herpesvírus associado à fibropapilomatose em tartarugas-verdes (Chelonia muydas) na costa brasileria. 2012.


ROSSI, Silmara. Estudo do impacto da fibropapilomatose em Chelonia mydas (LINNAEUS, 1758)(Testudines, Cheloniidae). 2007. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.


SANTOS, Gisele Junqueira; HERRERA, Mariana de Souza; PEREIRA, Rose Elisabeth Peres. FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS MARINHAS.


SARMIENTO, Angelica Maria Sanchez. Determinação de pesticidas organoclorados em tecidos de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) provenientes da costa sudeste do Brasil: estudo da ocorrência em animais com e sem fibropapilomatose. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.


WASSMANSDORF, Rafaela. Ocorrência da fibropapilomatose em tartarugas marinhas no litoral do Estado do Paraná. 2013.

#tartarugasmarinhas #fibropapilomatose #conservação

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