Condicionamento de animais. Uma ferramenta para o Bem Estar.
O ato de treinar animais não é uma novidade do nosso século, o cavalo é um exemplo de animal treinado para fim de uso antrópico, com o objetivo de transporte, equitação e esporte. Outro exemplo de destaque histórico, é o treinamento de cães para transporte em regiões de neve, faro, caça, apontamento, proteção, briga e etc.
Como visto, o treinamento de animais é uma prática milenar e por vezes confundida com o condicionamento. Ambos possuem a função de conduzir respostas ao animal após um estímulo específico, porém podemos realizar uma diferenciação na definição didática de ambos.
O treinamento é uma arte, fortemente influenciada pela sensibilidade e percepção do treinador onde o método, tempo de aplicação e resultados são ditados pelos princípios do treinador, similar às técnicas de pintura criadas antes mesmo do renascimento, cada aplicador possui uma visão e a perpetuação do seu método de ação que sobrevive ao tempo, com os frutos da relação mestre-aprendiz.

Quando trabalhamos com o condicionamento já implicamos um conceito técnico. O objetivo também permeia a moldagem de respostas comportamentais a partir de um comando, porém como técnica, permite a criação de uma metodologia replicável em condições adversas. O condicionamento possui um estudo aprofundado do seu impacto em relação ao comportamento do animal e sua percepção ao ambiente e relação condutor-conduzido com o objetivo de aumentar a possibilidade do animal apresentar o comportamento desejado sempre que acionado.
Neste contexto começamos a entender o condicionamento como ferramenta que pode ser replicada por diversos profissionais, porém ainda que uma técnica, traz na ancestralidade com o treinamento uma influência da sensibilidade do condutor elevando a taxa de sucesso e diminuído o tempo de resposta satisfatória para a condução.

Para animais cativos, silvestres ou domésticos, a rotina é um desafio diário a ser vencido por eles e por seus cuidadores. A ociosidade é uma das causas fundamentais de diversos problemas de saúde destes indivíduos, porém a quebra de rotina abrupta e sem planejamento pode ser igualmente perigoso. Além da monotonia do cativeiro outras ações são passíveis de estresse destes animais, como manejos de rotina, avaliação, banho e tosa, vacinação, passear com seu cachorro, guardar o animal no cambeamento e afins, caso realizados de maneira imprudente e incoerente, não somente serão prejudiciais aos animais, mas tornarão a rotina de seus cuidadores mais desgastantes.
É neste momento que o uso de uma ferramenta para tornar estas práticas mais próximas ao animal se faz fundamental, fazer com que o animal escolha entrar no cambeamento por livre vontade na consciência que haverá uma recompensa ou que o cão se comporte antes, durante e após o passeio pela praça pelo mesmo motivo torna as ações menos estressantes.
No Brasil encontramos grandes profissionais responsáveis por condicionamentos relevantes, desde coleta de sangue de elefantes em zoológicos, sem necessidade de contenção alguma, reduzindo o estresse e aumentando a segurança para o animal e seus manipuladores, aos socializadores de cães e gatos para um convívio mais harmônico, além dos condicionadores de cães de trabalho como os policiais.
A prática do condicionamento pode ser aplicada por todos, faz-se necessário estudar sobre as técnicas, sobre o comportamento dos animais, necessidades das instituições mantenedoras e treinar, muito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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