Alex e nós. Como a pesquisa da Dra. Irene Pepperberg pode nos ajudar a aumentar o bem-estar de nossa

Há pouco mais de 30 anos, a ciência estava certa de que não se podia falar em inteligência animal. Os resultados de alguns poucos experimentos realizados com chimpanzés e cetáceos eram vistos com muito ceticismo.
Foi neste cenário que a Dra. Irene Pepperberg resolveu que ensinaria um papagaio cinza a falar para que ela pudesse testar sua capacidade de resolver problemas e responder perguntas. Suas pesquisas comprovaram que a inteligência dos psitacídeos vai muito além do que se podia imaginar.
Quando morreu precocemente aos 31 anos de idade, em 2007, Alex conhecia o nome de mais de 100 objetos, ações e cores; podia identificar o material de que eram feitos os objetos; contava objetos em conjuntos de até 6 elementos e estava aprendendo os números 7 e o 8.
Alex exibia habilidades matemáticas consideradas avançados para a inteligência animal, tendo desenvolvido o conceito de zero, além de ser capaz de inferir a conexão entre os numerais escritos e a vocalização do número. Além disto, estava aprendendo a ler os sons de várias letras e tinha o conceito de fonemas e de como estes sons formam palavras.
Estes 30 anos de pesquisa e amizade são o tema do livro “Alex e eu”, no qual, em tom autobiográfico e confessional, a autora conta sobre sua relação com as aves na solitária infância; o amor pelos estudos; a ousadia de trocar uma promissora carreira acadêmica no campo da química por uma pesquisa que todos consideravam pura insanidade; a dificuldade de ser levada a sério e obter fundos para sua pesquisa; e, principalmente, a trajetória de Alex rumo à revolução da ciência.
Apesar do seu esforço para não perder a imparcialidade e objetividade que todo cientista deve ter, a Dra. Irene não consegue esconder o enorme amor que nutria por aquele que ela chama, seu querido colega de trabalho. É tocante e ajuda a explicar a enorme comoção que tomou o mundo quando Alex morreu.
Mas “Alex e eu” não é apenas o relato de uma linda e emocionante história ou o registro de uma pesquisa que revolucionou o que sabíamos sobre a cognição e inteligência dos animais. Também não se resume à possibilidade de mostrar para nossos amigos mais céticos que estamos certos sobre a inteligência de nossas aves.
“Alex e eu” é tudo isto, mas nós, loucos por pássaros, podemos tirar de “Alex e eu” uma série de lições sobre nossas aves e sobre o que é necessário para aumentar seu bem-estar.
Fonte: Loucos por Pássaros